O esplendor da Borgonha Sete safras de Clos de Vougeot do Château de La Tour mostram toda a elegância da Pinot Noir e desta região de rótulos primorosos |
POR MAURICE BIBAS FOTOS RICARDO D’ANGELO A região da Borgonha, na França, e a uva Pinot Noir parecem ter nascido uma para a outra. Em nenhum outro lugar do planeta essa uva tinta resulta em vinhos tão elegantes e macios. Uma de suas comunas é Clos de Vougeot, na Côte de Nuits, vizinha de Musigny e Chambertin e possui uma tradição de vinicultura muito antiga. Os monges cistercianos da Abadia de Citeaux iniciaram o plantio de parreiras na região por volta de 1090. Clos de Vougeot tem 450 hectares de parreirais divididos entre 80 proprietários. As denominações da região em ordem decrescente são Clos de Vougeot Grand Cru, Vougeot Premier Cru e Vougeot Controlée. Uma das propriedades mais famosas da região é o Château de La Tour. Para conhecer melhor seus vinhos, tivemos a oportunidade rara de participar de uma degustação vertical das safras dos últimos sete anos desse estupendo vinho, importado pela Decanter. O Château de La Tour, construído em 1890, pertence à família Labet, que está nessa região desde 1490. Hoje, à frente dos negócios está François Labet, que conduziu a degustação. Além da propriedade em Clos de Vougeot, François dirige também a Domaine Pierre Labet, em Beaune. A empresa conta com 6 hectares vizinhos ao Château du Clos de Vougeot, outro monstro sagrado da região. Os vinhedos são bio-orgânicos desde 1992 e não são usados clones, apenas mudas próprias dos parreirais existentes são plantadas. A idade média das plantas é de 50 anos e existe uma pequena parcela, cerca de 1 hectare, de parreirais plantados em 1910, cujos frutos são utilizados para a elaboração do vinho Château de La Tour Vieilles Vignes. A colheita é manual e os rendimentos são baixos (menos de 30 hectolitros por alqueire, ou 4 a 5 cachos por pé). Após passar por uma mesa de seleção, os cachos não são desengaçados e sofrem uma maceração pré-fermentativa por oito dias. As uvas são esmagadas com pé, em lagares, e a fermentação ocorre naturalmente sem a adição de leveduras ou enzimas. A fermentação malolática também ocorre de forma natural e não há colagem ou filtração do vinho. Seu envelhecimento se passa em barricas de carvalho por cerca de 18 meses, com descanso das garrafas na adega por outros seis meses, antes de ser comercializado. Vinhos degustados |