Quem cresceu a ler histórias do Tio Patinhas e companhia, lembra-se perfeitamente das tartes da Vovó Donalda, na janela da sua cozinha a fumegarem. De repente vinha o urso Colimério e lá ia a tarte. Bem que a Vovó e o Gansolino procuravam, mas já iam tarde.
Estas tartes cobertas, de massa dupla, ficaram no meu imaginário. Cresci a sonhar com elas se bem que era como as tivesse comido, porque imaginava bem o seu sabor.
A Vovó Donalda era a avó ideal de qualquer neto, vivia numa quinta longe da cidade, cheia de animais, onde se podia ir nas férias e fazia tartes e bolinhos sempre que os netos, Huginho, Zezeinho e Luisinho e Lálá, Lélé e Lili a iam visitar. Não sei se alguma vez ela fez esta receita, pouco importa. Sei uma coisa, esta tarte é deliciosa e vai de encontro ao sabor que eu tinha delas, apenas pela leitura.
Durante muito tempo fui aperfeiçoando, ao meu gosto, o recheio desta tarte, acrescentando mais uma pitada de, diminuindo outra de… Pode-se usar o recheio para uns pasteis de massa folhada ou tenra, criando umas hand pies. O sabor deste recheio é idêntico ao das tartes de maçã do McDonalds.
Não tenho foto da tarte a ver-se o recheio pois não dá tempo de tirar, nem sei se estão ver!
Fiz assim…
INGREDIENTES
Para a massa:
200g de farinha de trigo
2 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (café) de sal
150g de manteiga fria cortada em pequenos cubos
1-2 colheres (sopa) de água fria
Para o recheio:
8 maçãs descascadas e cortadas em lâminas ou cubos
200g de açúcar
2 colheres (sopa) de farinha de trigo
1 colher (chá) de canela em pó
pitada de noz moscada ralada
2 colheres (sopa) de manteiga
raspa de 1 limão
PREPARAÇÃO
Misturar a farinha com o açúcar e sal. Acrescentar a manteiga aos cubos e com o misturador de massas areadas, vai-se misturando a manteiga com a farinha. Deverá ficar como areia solta. Acrescenta-se a água aos poucos, e mistura-se com uma colher de pau, até formar uma bola que não pegue. Reserva-se no frigorífico.
Mistura-se à maçã todos os ingredientes e deixa-se macerar uns minutos.
Divide-se a massa em 2 bolas iguais e rouba-se a uma delas uma bolinha pequena que se junta à outra (ficam 2 bolas, uma maior que a outra). Estica-se com o rolo da massa, a bola maior, de forma a poder forrar uma tarteira (28cm) no fundo e margens. Se tiver uma chaminé de tartes é a altura de a colocar no centro da tarte.
Recheia-se com a mistura da maçã, deixando ao meio uma altura maior de recheio.
Estica-se a outra bola de massa e cobre-se a tarte. Pincelam-se as bordas da massa que já está na tarteira para que adira mais facilmente à massa da cobertura, faz-se pressão para as unir.
Com as sobras de massa faz-se um rolo fino e coloca-se na margem.
Se não vai ser usada uma chaminé, convém fazer umas aberturas na massa, antes ou depois da montagem.
Vai ao forno pré-aquecido, 45min. a 180ºC.
Serve-se morna ou fria.
NOTAS, MAS NÃO MENOS IMPORTANTES
– As maçãs podem ser quaisquer: golden, starking, reineta, royal gala, granny smith, eu prefiro golden se bem que as reinetas são as clássicas;
– No recheio pode-se colocar outros temperos como o cravinho, cardamomo, erva-doce, etc… Prefiro guardar o cravinho e o vinho do porto para um crumble de maçã;
– A chaminé nestes tipos de tarte são importantes para fazerem escapar o vapor da cozedura dos frutos, pois se não a massa de cima não fica estaladiça;
– As aberturas da massa da cobertura podem ser feitas antes da montagem com um corta bolachas pequenino, criando assim uma decoração;
– Não é normal pincelar com gema a tarte, mas se assim se quiser pode-se fazê-lo para ficar dourada.